História


A História da Criação do Dinâmico Erre

1ªFase- A Pré-História (1984-87)

Era mês de maio 84 e eu havia sido promovido do prézinho para a primeira série porque já sabia ler. Já acostumado com minha antiga turma, demorei um pouco para me entrosar com os novos colegas, e passava o recreio sozinho desenhando nas últimas páginas do meu caderno sentado no jardim em frente à diretoria do Centro de Ensino 02 do Cruzeiro. Eu já tinha essa mania, e não tenho como precisar exatamente quando, mas foi mais ou menos nessa época que fiz os esboços primordiais daquele que seria o Dinâmico Erre.

Eram simples desenhos de criança, mas a partir deles, tudo se desenvolveu. Alguns personagens mais antigos começaram a “contracenar” com ele, e muito lentamente ia se definindo seu Universo. Dos personagens atuais, além dele, existia apenas o Gladion Rogher de 85, e com um formato completamente diferente. Os outros dessa época não seriam apoveitados no Livro Dýnamis Érrion. Ainda não havia um enredo, mas o nosso herói (que então chamava-se Super-Garoto) já enfrentava um vilão, que seria substituído mais a frente.

2ª Fase- A Era Antiga (1987-90)

Começavam a surgir personagens em função dele. Em 1987 nascia o Dr. Rupert, que então se chamava Ralfert, e não passava de um Prof.º Pardal humano. Também nesse ano, surge o eterno arqui-inimigo, o furacão Ventus Mal (seu nome só iria mudar para uma correta forma latina dez anos depois). Suas principais características foram conservadas e agora eu já tentava montar uma história explicando poderes, fraquezas e claro, a origem. No ano seguinte ganhava destaque um país imaginário, para onde o herói ia às vezes: O Reino da Rafolândia, onde era recebido por um estranho ser, o Caixinha Mágica, que também não mudou muito desde esta época.

Nesta época surgia também a Nave Triangular Exploradora, cujo piloto era John, mas ele não era ainda parente de Rupert. Depois o responsável pela construção da nave ficou sendo o cientista, e foi questão de tempo até surgir o parentesco. No ano seguinte a galeria de vilões era incrementada com Camaleon e Relâmpego, além de O Gosma, que aparecia muito pouco. Outros personagens surgiram, mas não foram aproveitados.

A relação entre os personagens, os fatos, enfim, todo o Universo era muito diferente do mostrado no livro. Era um reflexo da minha idade, e da época também. A influência dos desenhos animados e gibis era total, mas na época eu só lia Disney e Turma da Mônica. Sobre super-heróis, só tinha contato pela TV, e nela os personagens não eram a mesma coisa. Os enredos eram bem mais simples, e eu quase nada sabia sobre o Universo Marvel ou DC.

Comecei também a definir as cores de seu uniforme, em função de uma fantasia que bolei durante o carnaval. Era um agasalho vermelho onde preguei com duréx o seu símbolo feito de papel, uma calça azul de malha, uma par de botas coloridas, e uma toalha de rosto laranja presa no pescoço com um alfinete. Claro que eu não saía na rua daquele jeito, apenas no quarto a transformação era permitida, mas a fantasia passou a ser minha referência. Mudei seu nome também e ele passou a ser o Super Capitão “R”. (S.C. R)

Em 90 ele ganhava as estrelas com o surgimento da Galáxia Rôfega, uma impossibilidade astronômica, que abrigava todos os seres estranhos demais para terem nascido na Terra, ou mesmo na Rafolândia. Impossibilidade porque não era uma galáxia, mas um sistema planetário onde os planetas não tinham como executar a translação por estarem limitados por uma fronteira natural. Os planetas eram fixos e a estrela que os iluminava era uma massa amorfa dentro do que parecia ser um ovo... Bom, melhor do que explicar é mostrar:

Comecei a repatriar todo mundo. Quem não era humano, vinha de Rôfega, e para lá voltaria. Por fim, achei melhor levar até a Rafolândia, e em uma história ela foi literalmente transferida para uma planeta desabitado. Desse fato eu não pude abrir mão, por isso prestem atenção em Dýnamis Érrion. Dos criados neste momento, mantive também o Sr. Erro e alguns personagens que ficaram apenas como espécies rofeganas, sem história própria.

3ª Fase- A Era Medieval (1990-93)

Talvez pela adolescência que chegava, eu perdi um pouco do interesse, e ainda me mudei do Cruzeiro. Realmente não criei muita coisa nova nesse período, mas tratei de compilar o máximo de informações possíveis em um caderno. Ali cataloguei personagens, e pela primeira vez fiz uma História em Quadrinhos, completa, com início, meio e fim, onde eu re-re-re- recontava a origem do Super Capitão “R”. Muitos fatos eram bem diferentes do que você encontra no livro; os desenhos estão manchados de grafite, a ordem dos balões está confusa, o que dificulta a leitura; e as páginas já estão amareladas, o que dá um tom arqueológico à obra. Esta história, dividida em 5 partes foi a base para a A Origem, a parte I de Dýnamis Érrion.

O JOGO DO S.C. R: Embora não morasse mais no Cruzeiro, eu fui fazer meu segundo grau lá. Foi quando tive contato com meu primeiro computador, um MSX Expert 1.1. Fiquei então com a idéia fixa de montar um jogo de vídeo-game com a história que havia criado. Assim que eu o adquiri, comecei a estudar linguagem BASIC, para obter como resultado um jogo no melhor estilo Atari. Era o jogo do Super Capitão “R”, onde você tinha que acertar o tiro em um ponto determinado da tela, e não no vilão que ficava descendo a tela como em uma cascata. O objetivo era resgatar o Caixinha Mágica e prender Ventus Malus. Mais básico do que isso, impossível!

4ª Fase- A Era Moderna (1993-96)

Ainda com o jogo em fase de produção, conheci o Fábio Gords, que se tornou o desenhista oficial. No princípio eu queria os desenhos para o jogo, mas eu nem tinha como fazer isso, pois se um 286 era um sonho de consumo distante, quanto mais um scanner! E assim que vi o Super Capitão no traço de outra pessoa, eu comecei a pensar na possibilidade de um Revista em Quadrinhos.

Comecei a ir na casa do Fábio com uma certa freqüência para pedir desenhos de outros personagens. Primeiro eu pretendia registrar os direitos autorais, mas quando fui me informar, descobri que registrar cada um ficaria muito caro, e registrar só o protagonista era insuficiente. Então a atendente da biblioteca me informou que um livro com duas ou com 500 páginas era registrado pelo mesmo preço. Eles cobravam por quantidade de obras, e então eu tive a grande idéia!

Ao invés de fazer o registro por personagens, eu escreveria um grande roteiro, onde todo mundo iria participar. Seria a versão definitiva do meu Universo de Histórias e fui para casa com este projeto. Eu estava no terceiro ano, e o usei como desculpa para treinar redação. Comecei a escrever à mão, me baseando inicialmente naquela HQ de uns dois anos atrás. Entre uma página e outra eu ia atrás de mais desenhos.

Já estávamos em 95, e o Espaço Cultural da 508 Sul abriu uma oficina de desenhos, justamente para quadrinhos. Era bom demais para ser verdade. As três primeiras aulas foram empolgantes, e eu achei que seria interessante levar meu material para ser avaliado. Para quê?

Masacre total! O @#$% do professor não teve o mínimo de bom senso em apontar o que não lhe parecia bom apenas para mim e o desenhista que me acompanhava. Fez questão de mostrar para a turma toda, e eu virei o alvo do pessoal. Saí de lá destruído, e fiquei muito tempo sem voltar até mesmo na Gibiteca. Também dei um tempo no livro manuscrito, eu fui estudar para o vestibular. Alguns meses depois, conclui o livro, mas não estava satisfeito.

5ª Fase- A Era Contemporânea (1996-2009)

Logo após as provas, me mudei de novo. (Para mais longe do Cruzeiro) Com o exílio cada vez maior, me dediquei a um projeto ambicioso. Eu iria reformular todo o meu Universo. Faria uma GRANDE MODIFICAÇÃO, e começaria tudo do zero. A idéia não era original, pois neste mesmo período, era publicado Crepúsculo Esmeralda, a história que fez do Lanterna Verde Hal Jordan um vilão, e desencadeou a mini-série Zero Hora. Dá para perceber que eu gostava do personagem, e me deixei influenciar ao escolher um anel como fonte de poderes. Vê-lo mudar de maneira tão radical foi um alerta para mim. Eu modificaria, mas não de modo a deturpar o espírito do personagem. Se era preciso mais ação, ótimo, mas sem cometer pecados capitais.

Eu já ia voltar a fazer um grande manuscrito, quando me dei conta que já era hora de ter tudo digitado, então aguardei a aquisição de um computador. Neste intervalo fui fazer pesquisas para dar mais suporte à história, e me libertar um pouco da fantasia. O primeiro passo era o porquê do R ser um símbolo! Não bastava a coincidência com a minha inicial. Encontrei a resposta em um dicionário de grego na biblioteca da 308 Sul. Uma referência ao alfabeto de uma língua antiga dava o tom histórico que eu queria! A partir daí, fui fazendo rascunhos e mais rascunhos, tentando montar uma cronologia que chegaria até os dias atuais, desembocando em um garoto de Capa, Máscara e... Boné!

Surgiram novos personagens, como Karontino, em substituição a um antigo vilão; Érrion Pontíarkes, o criador do anel; Erriana e as Novas Erínias, para solucionar a grave falta de personagens femininas até então; e alguns outros que ou substituíram figuras extintas, ou preencheram lacunas na trama.

Em seguida mexi no uniforme. Eu já queria mesmo algo com as cores nacionais, com predominância no azul, e este era o momento de mudar. Em cima de uma cópia do antigo uniforme, projetei o atual e levei para o Fábio refazer.

Discutimos muito sobre os detalhes, especialmente a gola pólo, mas o resultado é este visto em cima: o totalmente novo Super Capitão “R”. Este nome porém não me agradava mais. Demorou um pouco, mas achei a solução novamente naquele dicionário de grego. Eu já criara um código verbal de ativação do anel, em grego: Dýnamis Érrius. Dýnamis quer dizer força, e como o verbete anterior era um adjetivo, encaixou-se perfeitamente. Surgia então o nome DINÂMICO ERRE, de dynamikós: forte, poderoso! Eu vi que podia tirar muito proveito do grego clássico, e quando estava no segundo semestre de História na UnB, não perdi tempo e me matriculei na disciplina de Grego 1. (Eu chegaria até o Grego 3, só por causa disso!)

Em setembro de 96 ganhei meu computador, e logo fui digitando o livro. Houve uma série de complicações, que são contadas em outra seção, mas com o livro concluído um ano depois, tudo aconteceu meio rapidamente. A Bolsa Literária abriu inscrições, e em novembro de 98, pouco mais de dois anos depois de ter começado a escrever, eu recebia a notícia da vitória. Em julho de 1999 esta página entrava na InterNet e em 29 de março de 2000 era lançado DÝNAMIS ÉRRION! 

Não muito tempo depois, era feito um contato com o Grupo Teatral Noigandres do Centro Educacional 02 do Cruzeiro, e após meses de ensaio foi encenada, em abril de 2001, a peça "O Dinâmico Erre", em uma adaptação do mesmo livro. A peça retornou em novembro com o reforço de N C V - A Banda, responsável por uma trilha sonora bem rock´n´roll. A banda também ficou responsável pela música tema do personagem, que ganhou um vídeo-clipe em 2002. E em 2003 finalmente tivemos o lançamento da primeira revista em quadrinhos de nosso super-herói. O ano de 2004 marca então um momento glorioso. O Dinâmico R comemora 20 anos de existência. Até o ano de 2009 foi manteve-se então uma média de uma produção por ano, nas mais diferentes mídias (livros, quadrinhos, teatro, clipes).